Reporters Alessandro Muniz, Bianca Pyl, Eric Silva, Jorge Jr e Fotos de Luiz da Silva 30/04/2008
A celebração da mensagem poética da banda Cordel do Fogo Encantado marcou o último dia de atividades culturais da 1º Conferência Nacional da Juventude. O show da terça-feira agitou o público, levando a emoção até os ossos da galera que cantava e pulava diante do palco. Após o show, a banda concedeu uma entrevista a galera da Cobertura Jovem, que segue, na íntegra.
A Conferência da Juventude aqui em Brasília tem o lema: qual a sua bandeira. Qual a bandeira do Cordel?

Outra bandeira que a gente carrega é essa discussão gerada dessa convulsão de viver na interlândia, de fazer arte na interlândia e negociá-la, trazê-la para o mercado. Isso é uma relação difícil, que a gente levanta essas bandeiras de questionamento sobre o valor dessa arte. Eu acho que o símbolo interlândia que a gente utiliza, ele termina refletindo muitos lugares. Não é necessariamente uma região geográfica.
Dentro deste cenário político, fale um pouco como é a música hoje, porque há uns tempos a música teve um grande significado, na época da ditadura. Fale qual é o papel da música agora em 2008 dentro deste cenário, principalmente para essa juventude que discute política?
A gente nada contra a maré. Essa coisa de viver no mundo capitalista tendo que vender poesia, botar preço no que não tem preço, poderíamos dizer assim: negociar o sublime, que é a poesia, a música. Mas a gente está inserido nisso e nada contra a maré, porque é uma relação de guerrilha mesmo. Há uma dificuldade enorme de diálogo com os meios de comunicação que representam a divulgação musical no país, a televisão e a rádio, elas assumem posturas de empresas do mundo capitalista, esperando um lucro mais rápido e o mais largo possível. E a gente segue acreditando que não devemos nos abalar por não estar inserido na leitura oficial da divulgação musical do país. Acredito que isso é reflexo dessa luta toda da década de 60, 70, esse fogo que não se apaga, essa voz que não se cala. 
A gente traz personagens como Stanley, que é justamente esse novo homem que, quando a gente foi no sertão, naquela seqüência da poesia Morte e Vida Severina, e encontra um rapaz que é filho de um Severino e fez a mesma retirada que o pai fez na década de 70 para São Paulo. A gente encontra esse rapaz construindo uma universidade, colocando gesso, e ele é de Serra Talhada e a gente pergunta o nome dele e ele diz que é Stanley que o pai colocou devido às influências da TV, e ai a gente diz: “vai nascer esse homem, Stanley”, que tem essa mesma seqüência da retirada do passado, mas com a possibilidade de questionar isso.

A gente traz personagens como Stanley, que é justamente esse novo homem que, quando a gente foi no sertão, naquela seqüência da poesia Morte e Vida Severina, e encontra um rapaz que é filho de um Severino e fez a mesma retirada que o pai fez na década de 70 para São Paulo. A gente encontra esse rapaz construindo uma universidade, colocando gesso, e ele é de Serra Talhada e a gente pergunta o nome dele e ele diz que é Stanley que o pai colocou devido às influências da TV, e ai a gente diz: “vai nascer esse homem, Stanley”, que tem essa mesma seqüência da retirada do passado, mas com a possibilidade de questionar isso.
Como é que você sente essa energia da juventude? Você acredita que essa juventude que está aqui tem força para fazer a diferença, para construir a mudança?
Eu acredito que o que a gente realizou agora foi uma celebração dos nossos sonhos, nossas ilusões e desilusões. Eu tenho uma relação com o palco assim, de celebração. Acredito que a nossa

Então, sua música é uma poesia musicada. Como você acha que isso pode influenciar na política?
Como eu disse, a gente faz parte de uma geração onde existem muitas definições, herdamos muitos pensamentos estruturados, praticamente a gente vive de desilusões, nossa geração vive de quebrar determinadas verdades, e às vezes fica um terreno de cacos e a gente no meio desse caos tem dificuldade de enxergar a luz. Eu acho que hoje, fazer uma arte que não tem o objetivo apenas financeiro, de mercado, ela já é em si uma atitude política. Então eu também tenho muito cuidado com essa poética, mais aberta, política, porque ela também perdeu um pouco da força com o desgaste, da facilidade de alguns versos. Hoje a gente vive nessa coisa de uma criação poética menos parcial e mais profunda, que acredito ser a música de protesto da década de 70.
Para finalizar, você acha que a Matadeira de Canudos é o Caveirão hoje, na favela do Rio?
